BAGAS PARA A MINHA MULHER

Estamos no norte da Mongólia, a regressar do Grande Lago Branco a bordo de uma carrinha russa 4x4, onde passámos dois descontraídos dias num local idílico. Numa longa recta da "estrada" Neymaa, o condutor que normalmente me acompanha, diz "bagas!", dá um guinão ao volante e faz uma travagem que deixa todo o grupo desconcertado. Paramos a carrinha e dirigimo-nos ao rapaz que vendia umas bagas vermelhas na berma da estrada. Comprámos algumas para juntar ao iogurte caseiro que compraríamos mais tarde. E o Neymaa comprou tudo o que restou, o que é o mesmo que dizer, comprou um saco de plástico "estilo continente" destas bagas vermelhas para levar para casa para a mulher dele fazer compota.  Resumo da história, o miúdo fez o negócio do dia de uma vez só e regressou a casa mais cedo com um sorriso estampado no rosto. Quanto a mim, para além de ter comigo um iogurte fantástico, passei os restantes dias da viagem a pensar quando é o saco de plástico iria rebentar e deixar o chão da carrinha coberto a sumo de bagas vermelhas.
Pedro Gonçalves



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